SIMPÓSIOS APROVADOS*
*Apresentação oral:
1º dia: simpósios de 1 a 10;
2º dia: simpósios de 11 a 20;
3º dia: siimpósios de 21 a 29.
1. COSTURAS GEOSSOCIOLINGUÍSTICAS: MÚLTIPLAS LEITURAS E DEMARCAÇÕES VARIACIONAIS INTERCONECTADAS AO CONTEXTO EDUCACIONAL
Edmilson José de Sá (CESA, PROFLETRAS/UPE)
RESUMO: Este simpósio busca reunir trabalhos desenvolvidos no âmbito da descrição e análise linguística, que contribuam para o melhor entendimento da variação de itens lexicais e de fenômenos morfossintáticos e fonético-fonológicos da língua portuguesa falada no Brasil. Assim, intenciona-se partilhar estudos de variedades linguísticas explicadas pela Sociolinguística (LABOV, WEINREICH; HERZOG,1968; LABOV, 1966; 1972; 1983; 1994; 2001), que trata da variação dos fenômenos sob a égide social, e pela Dialetologia (FERREIRA; CARDOSO, 1994), que, usufruindo do método da Geolinguística (CARDOSO, 2010), permite a compreensão da língua à luz da dimensão espacial. Através de leituras, discussões e compartilhamento de pesquisas recentes, será possível adentrar em aspectos específicos alusivos aos contatos de variedades, à variação e mudança, aos preconceitos social e linguístico e às atitudes linguísticas, pertinentes aos estudos sociolinguísticos. Sem se esquivar do viés educacional, admitir-se-ão submissões que ampliem as discussões sobre a análise linguística associada ao ensino de gramática, considerando a possibilidade de delinear adequadamente fenômenos que tomam feições particulares no Português do Brasil, sem desconhecer as diferenças entre fala e escrita, acessíveis às atividades de escuta, leitura e produção textual. Além disso, será permitida a reflexão sobre fenômenos gramaticais a partir de uma percepção de língua heterogênea e localizada num ambiente historicossocial, tendo em vista o seu uso nas modalidades oral e escrita. Também poderão ser aceitos trabalhos que compartilhem discussões baseadas em corpora literários, de modo a verificar quais aspectos populares ou sociorregionais justificam a variação registrada em produções literárias que transmitem traços distintivos de um falar característico. A abrangência deste simpósio almeja, então, compartilhar pesquisas oriundas de diferentes instituições de ensino superior que auxiliem na compreensão do grau de diversidade e de variação do português brasileiro, além de registrar, mais enfaticamente, os aspectos que justificam tanto a inovação dos fenômenos mais acentuados nos falares descritos quanto a sua conservação.
PALAVRAS-CHAVE: Estudos geossociolinguísticos. Variação linguística. Leitura. Ensino.
2. LETRAMENTO E MULTIMODALIDADE
Fancilane Lima de Sousa (UFPI)
Antonio Michel de Jesus Oliveira Miranda (UNICAP)
RESUMO: Tendo em vista que as práticas de letramentos vêm mudando na atualidade, onde o leitor passa a ter acesso à múltiplas formas de textos e hipertextos, torna-se necessário estar cada vez mais atualizado quanto à essas práticas. Contraditoriamente vivemos em um país onde o analfabetismo ainda é expressivo e as práticas de letramento ou multiletramentos são essenciais para desenvolver a leitura e a escrita por meio de múltiplas linguagens e acesso à informação. Em consonância a multimodalidade estrutura os multiletramentos e remete à várias perspectivas de trabalhos dos textos num sentido semiótico. Trabalhar com multimodalidade e multiletramentos nos remete às novas tecnologias que dão suporte para que os mais diversos gêneros e multiplicidade de Linguagens sustentem as novas bases de conhecimento teórico-prático. As práticas de letramento são muito importantes não apenas para os conhecimentos escolares, mas para o conhecimento de mundo. Sendo assim, é inegável dizer que a falta de letramento pode afetar a compreensão dos demais conteúdos não somente dentro da Língua Portuguesa, mais nas demais áreas. Em virtude disso consideramos de fundamental importância o estudo dos símbolos numa ótica multimodal e semiótica onde se faz compreender os mais diversos atos comunicativos. É necessário entrar na semiótica e compreender a leitura dos signos e dos símbolos que compõem a leitura e a escrita na contemporaneidade. A junção desses componentes pertencentes aos planos verbal e visual colaboram para que no decorrer da leitura, o leitor assimile efeitos de sentido. Inúmeros tipos de textos, suscetíveis a modificações, circulam em nosso cotidiano. A linguagem multimodal dentro deles tem se tornado importante e carregada particularidades representacionais e comunicacionais que necessitam serem compreendidas. Dessa maneira busca-se trabalhar numa visão de letramento e multimodalidade num perspectiva semiótica à luz de autores como Kress e Van Leeuwen (2006), Kleiman (1995) e Rojo (2012) entre outros que contribuirão.
PALAVRAS-CHAVE: Letramento. Multimodalidade. Semiótica.
3. LETRAMENTOS MULTISSEMIÓTICOS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS: ESTUDOS, PRÁTICAS E REFLEXÕES
Ana Paula Domingos Baladeli (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JATAÍ)
RESUMO: Na formação de professores, a diversidade de textos e de suportes disponíveis na contemporaneidade tem evidenciado a hibridização de linguagens e desafiado a formação de leitores capazes de interpretar criticamente textos audiovisuais (NEW LONDON GROUP, 1996; SIGNORINI, 2012; COPE e KALANTZIS, 2009; 2015; BRASIL, 2017). Dentre as contribuições da Teoria dos Multiletramentos, referencial que nos subsidia na compreensão do potencial de narrativas audiovisuais na aprendizagem de línguas, os letramentos multissemióticos podem contribuir para os processos de ensino e aprendizagem de línguas, na medida em que expandem as habilidades leitoras para textos audiovisuais. Mediante a diversidade de práticas de letramentos mediadas por tecnologias, a inserção do tema no cenário da formação de professores de línguas se apresenta atual e necessário. A formação de leitores para diferentes modalidades de linguagens requer a ações pedagógicas nas quais o estudo dos gêneros digitais e textos multimodais que sejam explorados considerando suas características e as funcionalidades das tecnologias que o suportam. A Teoria dos Multiletramentos e seus desdobramentos no ensino e aprendizagem de línguas contribuem para a compreensão do papel das tecnologias como meio para se chegar a um fim – a formação do leitor crítico e ao mesmo tempo favorece a integração de aspectos socioculturais como elementos constitutivos de todo discurso. O objetivo desse simpósio é discutir o tema e sua interface com o ensino de línguas, para tanto, recebemos pesquisas concluídas ou em andamento, que apresentem análises críticas a respeito do uso de tecnologias digitais e recursos audiovisuais no contexto no ensino e aprendizagem de línguas. Serão acolhidos relatos de experiências, estudos bibliográficos, análises e avaliação de recursos digitais e interativos, voltadas para a Educação Básica, o Ensino Superior ou na formação de professores de línguas.
PALAVRAS-CHAVE: Letramentos multissemióticos. Ensino de Línguas. Formação de professores.
4. PRÁTICAS DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS NO ENSINO REMOTO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Mirna Bispo Viana Soares (Seduc-Ma, Timon-Ma)
Evando Luiz E Silva Soares Da Rocha (SEME, Palmeirais-PI)
RESUMO: A determinação de suspensão das aulas presenciais como medida de contenção da Pandemia da Covid-19 em meados de março deste ano de 2020 demandou replanejamento e redefinição das propostas de ensino em todo o território nacional. Nesse cenário, o ensino remoto emergiu como solução possível, porém, desafiador em meio às incertezas e limitações para se lidar com as tecnologias, interações em rede e distanciamento do sujeito aprendente. A rigor, as propostas de ensino e aprendizagem de língua portuguesa têm passado por mudanças significativas, principalmente no que tange às práticas sociais de uso da linguagem, orientadas tanto pelos documentos oficiais: Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) e Base Nacional Comum Curricular (2019), quanto pelas abordagens teórico metodológicas que avançam em relação aos estudos dos letramentos. Com base nesses documentos, têm-se discutido intervenções e inovações em atividades de leitura e produção de textos, propiciando uma abordagem reflexiva, crítica e atuante dos sujeitos nos contextos sócio-históricos que integram. Além disso, nos referidos documentos, a linguagem é concebida sob o ponto de vista da multiculturalidade, das múltiplas semioses e das novas tecnologias. Assim, diante dessa situação de aulas remotas na educação brasileira, pretende-se neste simpósio reunir discussões sobre as práticas de letramentos que se propõem inovadoras no âmbito do ensino-aprendizagem de língua portuguesa, considerando, inclusive, a relação linguagem e tecnologias em práticas de leitura e produção de textos. Nessa perspectiva, ressalta-se as contribuições e postulados de pesquisadores como: Soares (2000) e Kleiman (2005; 2010), que abordam o papel social dos letramentos em práticas de uso social da leitura e produção de textos; Magalhães (2012), propõe reflexões sobre as contribuições dos estudos do letramento para o ensino. Borges (2012) que discute questões de letramento e tecnologia; e Rojo (2012, 2016), informa os multiletramentos e novos letramentos em contextos multiculturais marcados pela tecnologia digital. Portanto, considerar práticas de leitura e produção de textos em circulação nas diferentes práticas sociais requer um engajamento crítico dos participantes (professores e alunos), e envolve também o desenvolvimento e domínio de aspectos da oralidade, da escrita e de outros elementos semióticos nos diversos textos, corporificados em práticas de ensino-aprendizagem de língua materna. Nesse sentido, o presente simpósio aceita trabalhos que adotem procedimentos teóricos, metodológicos-analíticos e relatos de experiência na perspectiva dos estudos dos letramentos, a partir de práticas de ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa na Educação Básica, de modo a agregar discussões e reflexões sobre essas práticas no ensino remoto de língua materna.
PALAVRAS-CHAVE: Leitura e produção de textos. Língua Portuguesa. Letramentos.
5. LINGUAGEM E TECNOLOGIA
Dílson César Devides (CCEL/UFMA)
RESUMO: Muitas são as discussões acerca do que seja Linguagem, Literatura e de suas materializações. As últimas décadas viram surgir manifestações discursivas (artísticas, ditas literárias, ou não) em vários suportes. Para além da TV e do cinema, considerados hoje mídias tradicionais, a linguagem passou a se manifestar pela internet, sobretudo via computador e dispositivos móveis, fazendo-se presentes nos enredos de videogames e de narrativas transmídias. Assim, este simpósio pretende receber trabalhos que discutam as relações entre Letras (linguagem) e Tecnologias, mais especificamente, entre literatura e as novas mídias e seus processos narrativos tais como adaptações, roteiros, argumentos e demais aspectos que tratem das alterações pelas quais as instâncias literárias têm passado para materializarem-se em novos suportes. Espera-se receber, também, comunicações sobre questões linguísticas e as novas mídias, assim como, outras que abordem as relações HUMANO/MÁQUINA, pensadas sob um prisma epistemológico.
PALAVRAS-CHAVE: Linguagem. Tecnologia. Literatura. Novas Mídias. Humano/Máquina.
6. REFLETINDO AS POÉTICAS ORAIS E O PENSAMENTO DECOLONIAL: PERSPECTIVAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
Mauren Pavão Przybylski da Hora Vidal ( IFBAIANO/ GLICAM - NUTOPIA - UNEB - RIEMO/ LANMO-UNAM)
Rafaella Contente Pereira da Costa (UFRA – UFPA/IFNOPAP)
RESUMO: As pesquisas com materiais orais, no Brasil, são consideradas fora de um padrão canônico. Se já há, por um lado, um grupo de pesquisadores e professores que desde os anos 90 vem discutindo questões voltadas para o oral e popular, por outro, a depender da produção, esta sofre certa resistência por parte de quem a recebe. As escritas periféricas têm sido cada vez mais visibilizadas no país, não só por parte dos seus escritores, como também da academia que há algum tempo vem voltando seu olhar para eles, no entanto, em termos de registros e publicações ainda passam por questões tensas. Este simpósio é parte das ações do projeto de pesquisa Poéticas Orais e Pensamento Decolonial : perspectivas teóricas e metodológicas coordenado pela profª Drª Mauren Pavão Przybylski da Hora Vidal e se propõe em receber trabalhos que versem sobre as relações entre cânone, periferia e o pensamento decolonial nas pesquisas em poéticas orais, em busca de compreender os saberes vivenciados no cotidiano das populações de diferentes regiões e verificar sua vivacidade nas vozes dos narradores, que trazem o testemunho da memória e da tradição que molda-se, sem cessar, em um processo dinâmico de criação e recriação. As narrativas, portanto, são formas que mostram como essa experiência se sedimentou na memória dos sujeitos. A cada som, escuta-se histórias e estórias de quem divide a vida entre a floresta e o rio, se transportando para um mundo fantasioso de seres encantados ou onde grupos sociais subalternizados recriam e descentram as poéticas ocidentais. Serão bem vindos trabalhos que discutam, ou procurem aprofundar narrativas várias, recolhidas da tradição oral e da cultura popular, tendo como pano de fundo o pensamento decolonial, com base em Catherine Walsh (2013), Anibal Quijano (2009), Maria Lugones (2014), Walter Mignolo (2008), entre outros, pensando desde seu surgimento até as possibilidades de aplicabilidade e quais teorias melhor se adequam a cada pesquisa, considerando as materialidades da literatura e as poéticas orais. Interessa, portanto, um olhar multidisciplinar como base de análise dos materiais orais, sejam os já coletados ou os a coletar.
PALAVRAS-CHAVE: Póeticas orais. Pensamento decolonial. Teorias. Metodologias.
7. LINGUAGEM E MEMÓRIA: POSSIBILIDADES DE DIÁLOGOS
Marinalva Aguiar Teixeira Rocha (Doutora-CESC UEMA)
Elizeu arruda de Sousa (Doutor-CESC-UEMA)
RESUMO: O Seminário, aqui em proposição, está alicerçado no intento de socializar pesquisas detentoras de temáticas que coadunem, em seu cerne norteador, linguagem e memória. Os estudos na vertente da linguagem, considerando as diversas possibilidades de abordagem, podem entrelaçar-se com a perspectiva de interdisciplinaridade, propiciando diálogos produtivos e instigadores entre áreas do conhecimento, aparentemente, distintas e até inconciliáveis. A proposição de trabalhos investigativos dentro desse prisma interdisciplinar torna-se uma espécie de farol para os pesquisadores que desejam descortinar horizontes reveladores de novos olhares sobre seus objetos de análise. Enquadrando-se nessa intencionalidade, se a pesquisa na área da linguagem, com sua gama de desdobramentos, associa-se aos conhecimentos produzidos acerca da memória, então se terá a potencialidade de um estudo interdisciplinar dilatada, trazendo à baila um diversificado e sugestivo rol de temáticas. Os estudos sobre a memória têm a probabilidade, dependendo do intento do pesquisador, de construírem uma variação de pontes discursivas e epistemológicas com as áreas da linguagem. Os trabalhos a serem inscritos nesse Seminário Temático poderão enfocar linguagem em seus diversos espectros verbais e não-verbais, inserindo os diversos textos de naturezas literária, informativa, historiográfica (verbal), bem como a fotografia, pinturas, desenhos, narrativas imagéticas (não-verbal), entre outras, interligando essas modalidades de linguagem aos estudos da memória. Portanto, os pesquisadores que farão suas comunicações nesse Seminário, não necessariamente, devem pertencer à área das Letras, uma vez que a linguagem aqui referida assume um caráter menos restritivo e abarca todas as possibilidades dessa vertente de estudo, contemplando as mais diferentes áreas que dela se sirvam para efetivar alguma pesquisa de cunho memorialista. Como se pode perceber pelos informes até aqui delineados, os trabalhos que serão apresentados no decurso do Seminário terão o caráter de interdisciplinaridade, havendo o entrelace envolvendo duas áreas distintas (linguagem e história/memória) que se avizinham para promover discussões amplificadoras das diversas facetas do conhecimento.
PALAVRAS-CHAVE: Linguagem. Memória. História. Interdicisplinaridade.
8. LEITURA E ESCRITA: DIÁLOGOS SOBRE LETRAMENTO(S) E MULTIMODALIDADE
Júlia Maria Muniz Andrade (UFPI)
Alceane Bezerra Feitosa (UFPI)
Karla Dayane Silva Monteiro (UFPI)
RESUMO: Este simpósio pretende discutir aspectos teóricos e metodológicos acerca das relações que envolvem as práticas de leitura e escrita, bem como, letramento(s) e multimodalidade na concepção de um usuário linguisticamente consciente. Entendemos que a contribuição dessa natureza de análise acarreta na constituição de sujeitos críticos, ou até mesmo, mais humanizados. A sociedade cada vez mais adere a movimentos de multiplicidade expressiva, assim, o caráter criativo, autoral e leitor, amplia competências em outras dimensões. Não obstante a isso, percebemos um constante movimento que considera as interações comunicativas nos mais diversos meios e formas de constituição. Poderíamos dizer que, falar de leitura e escrita, está para a além dos muros de sala de aula. Bem como, falar de letramento e multimodalidade, está para além da utilização de gêneros textuais pouco discutidos em sala e pouco refletidos socialmente. De acordo com a funcionalidade comunicativa da língua, traçamos caminhos para efetivar práticas aplicáveis ao ensino, bem como, formulações que abarcam ao contexto social. Dessa forma, tomamos alguns autores como Halliday (1985; 2004); Marcuschi (2000), Soares (2003), dentre outros que corroboram com a concepção de contextos de ressignificação. Sabemos que, via de regra, o ensino pode ser transitório e abordar vertentes sobre uma ótica multidisciplinar, dessa forma, vale ressaltar que as práticas desafiadoras para uma implementação de uma cultura de ensino que considere esses fatores tornou-se traçar estratégias para o alcance de um ensino de língua sistematizado e que abarque as dimensões sociais de acordo com seus propósitos. Acreditamos que seja cada vez mais necessário esse tipo de discussão e abordagem e que o contexto de ensino precisa ainda admitir reflexões sobre diversos objetos de pesquisa que compreendam a importância dos diferentes caminhos válidos para a construção do efeito comunicativo/ interacional, natural dos contatos linguísticos. Nesse sentido, ensejamos abrigar no simpósio “Leitura e escrita: diálogos sobre letramento(s) e multimodalidade” pesquisas, propostas de estudo e reflexões de cunho teórico-metodológico sobre leitura e escrita, bem como, letramento e multimodalidade, na perspectiva do funcionamento linguístico e suas interfaces.
PALAVRAS-CHAVE: Leitura. Escrita. Letramento. Multimodalidade. Ensino.
9. GT: DESCORTESIA E PERSUASÃO EM INTERLOCUÇÕES REGIDAS PELA POLÊMICA: MÚTIPLOS OLHARES
Dra. Ana Paula Albarelli (USP)
Dra. Katiuscia Cristina Santana (USP)
RESUMO: Neste GT, cujo foco incide em reunir pesquisas concernentes à abordagem de interlocuções marcadas pelo dissenso, isto é, pela não manutenção de relações harmônicas de cooperação, tem como propósito discutir o papel premente do incremento crescente de um comportamento verbal agressivo em eventos comunicativos diversos, sobretudo nos televisionados (Brenes Peña, 2011; Blas Arroyo, 2010, 2011), em que os atos descorteses, a saber, o ataque à imagens são prevalentes, com finalidades discursivas de persuasão. Nessa direção, tomamos, como objeto de estudo, corpora cujo contrato de interlocução sejam veiculados por estratégias de descortesia que perfazem as diversas intervenções de seus interlocutores, sobretudo, aqueles que apresentam como propósitos atingir um terceiro participante, a saber, aquele que, não obstante não participe fisicamente da interlocução, configura um tipo de “destinatário privilegiado” (Kerbrart-Orecchionni, 2006), isto é, um participante “não ratificado” (Goffman, 1967), em função do qual o evento comunicativo se organiza de modo efetivo: o auditório. Trata-se de tipos específicos de interações trílogues, orientadas de modo a obter a adesão desse terceiro participante Enquadram-se, nessas formas de interações, debates político-eleitorais televisionados, Comédias stand up, talk shows, reality shows (nos quais a exposição e o ataque à face é deliberado), programas de entrevistas em que há uma plateia, ou seja, em programas nos quais entrevistador e entrevistado interagem entre si, não obstante convoquem, de modo efetivo, o auditório a deliberar e, até mesmo, a opinar acerca de um dos interactantes. No caso dos programas humorísticos, nos quais a ambiguidade referencial (Blas Arroyo, 2011), isto é, a possibilidade de mudanças deliberadas da cena enunciativa, no que tange aos papéis discursivos e às formas de interpelação dos interactantes reconfigura-se, à medida que o evento transcorre, verifica-se que tal recurso ou mecanismo linguístico-discursivo pode promover efeitos de cortesia, como a aproximação e a afiliação, ou efeitos de descortesia e de agressividade verbal, nos casos em que se procede ao distanciamento ou à autonomia (Bravo, 2005; Kaul de Marlangeon, 2005). Nesses contextos ou situações discursivas específicas, sobremaneira singulares, que apresentam “formatos triangulares de interação”, o ataque, veiculado por estratégias descorteses e comportamentos verbais agressivos, pode cumprir funções estratégicas de persuasão (Blas Arroyo, 2010). Em outras palavras, observa-se um quadro participativo volátil, cujos papéis de seus participantes são flutuantes (Fávero e Aquino, 2002), fato que evidencia um esquema de argumentação especial em ambientes agressivos de interação, a partir do qual os ataques veiculam, o mais das vezes, determinadas finalidades discursivas de cunho argumentativo, uma vez que, ao expor a face de um determinado participante (Goffman, 1967), intenta-se obter a adesão do auditório, afigurando-se como um mecanismo discursivo típico e estratégico, conforme assinala Blas Arroyo (2010; 2011), em sociedades calcadas em uma “cultura da crítica”. Propomo-nos, destarte, reunir pesquisas e trabalhos que se debrucem sobre corpora regidos pela polêmica, descortesia verbal (Culpeper, 1996, 2011), ou calcados na argumentação (Perelman e Olbrechts-Tyteca, 2005 [1956]); Amossy, 2018), em que a agressividade verbal corresponda a um recurso que, em trocas verbais específicas, pode assumir funções discursivas estratégicas de persuasão, atuando como um mecanismos de adesão.
PALAVRAS-CHAVE: Interação. Discurso. Polêmica. Imagem. Persuasão.
10. AS PLATAFORMAS REMOTAS E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Profa. Ma. Lígia Vanessa Penha Oliveira (UEMA)
Profa. Esp. Priscila de Sousa Lima (UEMA)
RESUMO: As tecnologias utilizadas para fins educacionais são, hoje, mais do que alternativas, se tornaram indispensáveis para a promoção de uma aprendizagem significativa, para os alunos são mecanismos desafiadores e para os professores inúmeras possibilidades, contudo na educação online, o professor precisou repensar seus métodos, seus recursos e o modo de ministrar suas aulas. Ademais, devido à pandemia da COVID-19, o isolamento social alterou a forma de ensino das escolas em todo o país, fazendo com que as plataformas remotas fossem incorporadas às atividades rotineiras de docentes e discentes. Conforme a BNCC, o componente curricular de Língua Portuguesa, além das questões relacionadas ao âmbito da linguagem, tem uma nova demanda, a qual confere ao professor reconhecer e utilizar as tecnologias digitais, de modo que dentro desse componente se contemple “de forma crítica essas novas práticas de linguagem e produção, não só na perspectiva de atender às muitas demandas sociais que convergem para um uso qualificado e ético das TDIC, mas também de fomentar o debate e outras demandas sociais que cercam essas práticas e usos” (BNCC, 2018, p.69). Desse modo, o objetivo deste simpósio é apresentar propostas de ensino de Língua Portuguesa condizentes com os novos tempos, compartilhando experiências desenvolvidas e/ou aplicadas ao ensino de língua materna por professores, estudantes, pesquisadores e demais interessados que incorporaram as plataformas remotas como recurso tecnológico no processo de ensino-aprendizagem.
PALAVRAS-CHAVE: Plataformas remotas. Ensino. Língua Portuguesa. TDIC.
11. A LITERATURA E AS SEMIÓTICAS: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE TEXTOS INFANTO-JUVENIS
Luciano Ferreira Da Silva (Dr. Universidade Estadual Do Piauí)
Shenna Luíssa Motta Rocha (Doutoranda USP/UESPI)
RESUMO: O propósito deste simpósio é agregar trabalhos que têm como foco as relações entre imagem e texto literário, observando o que sugerem duas abordagens semióticas distintas: a pierciana e a discursiva de linha francesa. Embora sejam teorias distintas, ambas trazem aspectos relevantes a serem considerados na leitura de textos verbais, visuais ou verbo-visuais. Do ponto de vista da semiótica pierciana, observa-se que as imagens vão desde as ilustrações em livros infanto-juvenis até as imagens mentais que fazemos de determinados personagens, objetos ou paisagens na esteira da Primeridade, Secundidade e Terceiridade. Histórias em quadrinhos, charges, tirinhas, contos infantis, literatura na internet e/ou em blogs nas redes sociais também são fontes inesgotáveis de pesquisa na recepção subjetiva do sujeito leitor do escrito-visual. Conforme Pignatari (2004) os signos que se organizam por contiguidade são símbolos (as palavras, faladas ou escritas, são os símbolos por excelência), logo o que caracteriza o fenômeno poético é transformação de símbolos em ícones, que se organizam por similaridade e analogia, são as “figuras”. Nas considerações de Walty, Fonseca e Cury (2006) no campo da literatura, podemos, pois, ver que tudo são imagens, linguagem que se faz figura a desafiar o investimento do leitor no texto. Do ponto de vista da semiótica discursiva, compreende-se texto como sendo tudo aquilo que contém significação, organizado em dois planos: o da expressão e o do conteúdo. Uma análise embasada nesse pressuposto propõe uma investigação, no plano do conteúdo, dos mecanismos de produção do sentido do texto, levando em consideração seus três níveis: o fundamental, o narrativo e o discursivo. Nessa perspectiva, é possível entender a figuração e a iconização como estratégias discursivas para promover os efeitos de realidade com finalidade persuasiva, segundo BARROS (2011) e FIORIN (2018).
PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Artes; Imagem; Semiótica pierciana; Semiótica discursiva.
12. A ÁFRICA QUE FALA PORTUGUÊS: LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Ana Claudia Servilha Martins (UNEMAT)
RESUMO: O trabalho visa desenvolver reflexões sobre as literaturas africanas de Língua Portuguesa, por meio da leitura de obras literárias nos vários gêneros, discutindo temas e tópicos relevantes, também será estudada a formação dos sistemas literários de Angola e Moçambique. O continente africano continua demarcado histórias díspares. Os países africanos continuam submersos aos olhares desacreditados da subversão de culturas. Nesse viés, a presente pesquisa pretende em suma aproveitar a ideia de fronteira, de pluralidades e de conjunturas culturais que nos obrigam a lançar um novo olhar sobre a produção cultural na qual se insere a literatura realizada por autores como José Craveirinha, Noémia de Souza, José Eduardo Agualusa, Pepetela, Mia Couto e demais relevantes autores contemporâneos. Suas escritas abrem caminhos para a africanidade, volta-se ao sentimento de pertencimento, do entrelugar, ao movimento das tradições e culturas, pensa o sujeito deslocado, o ser sem fronteiras. Os diálogos visam contribuir para os estudos das literaturas escritas em África, considerando aspectos históricos, linguísticos, identitários e culturais do continente. A pesquisa se caracteriza como sendo bibliográfica e consiste em estudos e análises de obras que teorizem sobre as discussões elencadas. Para o desenvolvimento da pesquisa, serão utilizados estudos de críticos literários e de estudiosos das literaturas africanas de língua portuguesa, dentre os quais destacamos: Antonio Candido (1994), Alfredo Bosi (1998), Ana Mafalda Leite (2014), Edward Said (2007), Fernanda Cavacas (2005), Homi Bhabha (1997), Stuart Hall (2006) e demais discussões pertinentes ao viés temático proposto.
PALAVRAS-CHAVE: Literaturas Africanas. História. Cultura. Identidades.
13. O LÉXICO EM PERSPECTIVAS: LEXICOLOGIA, LEXICOGRAFIA, TERMINOLOGIA E TERMINOGRAFIA
Amanda Henrique Pereira (Doutoranda-UNESP)
RESUMO: Os Estudos do Léxico são de suma importância para a pesquisa linguística, pois visam compreender de modo mais abrangente o tesouro da língua, ou seja, suas unidades lexicais. Essas investigações contemplam abordagens diversas tanto em sentido teórico quanto aplicado. Desse modo, propomos, neste simpósio, abrir um espaço para apresentar e discutir investigações voltadas a umas das quatro subáreas que compõem os Estudos do Léxico, a saber: (i) a Lexicologia, que engloba pesquisas como aquelas sobre toponímia, onomasiologia, neologia, fraseologia etc.; (ii) a Lexicografia, que se dedica ao fazer dicionarístico e à análise de dicionários; (iii) a Terminologia, que dirige seu olhar para o léxico em uso em contextos técnicos e científicos; e (iv) a Terminografia, que abrange a organização e a compilação de dados terminológicos, bem como a elaboração e a análise de materiais terminográficos (dicionários, vocabulários especializados etc.). Com este simpósio, visamos promover, assim, o intercâmbio de ideias e contribuir para a divulgação dos estudos relacionados ao âmbito do léxico no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Estudos do Léxico.Terminologia. Lexicologia.
14. ANÁLISE DO DISCURSO E AS TECNOLOGIAS DIGITAIS: LINGUAGENS, SENTIDOS E IDENTIDADES EM JOGO
Anísio Batista Pereira (UFU/FAPEMIG)
Antoniel Guimarães Tavares Silva (UFU)
RESUMO: Nos tempos contemporâneos, com o advento das tecnologias digitais, observa-se que esses recursos são utilizados de forma recorrente no âmbito de todos os segmentos sociais, seja para trabalho, estudos ou diversões. As redes sociais se transformaram em plataformas para interações humanas, cuja produção e difusão de informações de toda natureza têm sido aderidas de forma intensa, no bojo da evolução e facilidade de acesso a essas tecnologias. Essas redes, tais como WhatsApp, Facebook, Instagram, dentre outras, apontam para uma modernidade que, para além das necessidades concretas em relação aos seus usos, destaca-se também o status, em que se faz necessário esse consumo pela suas utilidades ou por questão de se manter em um grupo. No âmbito da história do presente e por meio desses dispositivos, discursos são produzidos e compartilhados de forma intensa e rápida, cujas relações de poder se dão também no fio dessa macro e microcapilaridade digital, pelas interações subjetivas e como forma de constituição desses sujeitos internautas. Discursos de toda natureza podem ser observados nesses aparatos tecnológicos: político, cultural, social, enfim de todas as dimensões humanas, seja como meio de controle ou como forma de movimentos de resistências, pela facilidade de constituição de uma corrente pelo acesso expressivo dos sujeitos à rede. Vários gêneros discursivos têm surgido nesse arcabouço digital, como meme, comentário, vlog, que despertam reações diversas nos internautas, que podem ser entendidas também como meios de controle das produções que emergem a todo instante. Pensando nessa dimensão de constituição de subjetividades pelas verdades produzidas e dispersadas por essas tecnologias, o presente Simpósio pretende agregar pesquisas cujas temáticas se direcionam para esses horizontes efervescentes na contemporaneidade. Quanto à vertente teórica da Linguística, esses trabalhos devem contemplar à Análise do Discurso, independente de suas linhas (Foucault, Pêcheux, Lacan, Perrenoud, Charaudeau, Maingueneau, Bakhtin, dentre outros), como suporte teórico-metodológico para as problematizações acerca da temática sugerida. O eixo norteador desta proposta é refletir sobre a produção discursiva nas plataformas digitais, com ênfase nas suas linguagens, as construções de sentidos possíveis pelo momento histórico e as construções (e (des)construções) de identidades a partir dessa fecundidade discursiva.
PALAVRAS-CHAVE: Linguagem. Discurso. Tecnologias. Sentidos. Identidades.
15. PESQUISA E DOCÊNCIA: A LITERATURA NO COMPONENTE CURRICULAR DE LÍNGUA PORTUGUESA
Marcos Antônio Rodrigues (UNESP/PPGL)
Renata Cristina Alves (UNICAMP/ PPG-LA)
RESUMO: Este simpósio busca contemplar o debate sobre o ensino de literatura no componente curricular de língua portuguesa, no contexto básico e público, de modo a discutir e socializar experiências que possam articular embasamentos estabelecidos por documentos legais, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e as diversas perspectivas teórico-metodológicas que podem fundamentar o ensino de língua portuguesa. Neste sentido, os pontos relevantes deste simpósio encontram-se nas discussões sobre os percalços que enfrentamos no cotidiano do contexto escolar acerca dos aspectos epistemológicos e metodológicos que perpassam a prática do professor, e sobre as relações entre a BNCC e as possibilidades e dificuldades enfrentadas no âmbito do currículo moldado pelo professor. Agrega-se ainda a primordial discussão sobre o ensino de literatura na contemporaneidade, na qual a desumanização e a disseminação de fake news estão em demasia presentes. Para isso, o recorte histórico dá-se dos estudos dos PCN ao nosso momento atual, no contexto público e básico (o que inclui ensino fundamental anos iniciais até o ensino médio) do ensino de língua portuguesa. Dessa forma, congregaremos trabalhos que tragam contribuições sobre o Letramento Literário no contexto público. Formação de leitor na contemporaneidade. Análise de currículos e programas de ensino de Língua Portuguesa. Práticas de linguagem e gêneros discursivos no ensino. Análise histórica do ensino de literatura. Articulação entre as esferas de atividades humanas. Correlação entre as práticas de linguagem oralidade, produção de texto, análise linguística e semiótica e oralidade. Base comum e a parte diversificada nos níveis de concretização do currículo. Formação inicial e continuada de professor. Literatura infantojuvenil na sala de aula. Habilidades e Competências. Novos e Multiletramentos. Relações dialógicas na produção textual literário dos alunos. Tratamento das Funções do texto literário na formação do homem e processo de subjetivação do indivíduo em um mundo desumano e opressor. Nesse caminho, a Literatura se constitui não somente como um direito, mas uma necessidade.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Língua Portuguesa. Contexto público. Literatura. BNCC.
16. DA SALA DE AULA PARA A SOMBRA DA COPA DA MANGUEIRA: EXPERIÊNCIAS E PRÁTICAS NO ENSINO DE LITERATURA
Profª Dra. Cassiana Lima Cardoso Vieira (CAP UERJ)
Prof. M. André Luís Mourão De Uzêda (CAP UFRJ)
RESUMO: Paulo Freire, na obra À sombra desta mangueira (1985), falava da importância das conversas e trocas ao pé de uma árvore de sua infância com as pessoas de sua comunidade para sua formação como educador e pensador. As conversas do quintal, as reminiscências das histórias contadas nessa ocasião, quando acionadas, o conectavam com o que havia de mais precioso na experiência comunal: a solidariedade e o sentimento de pertencimento a uma coletividade. É evidente que a sala de aula é o centro a que visa a pesquisa e as experiências fora de seus limites. Buscamos aqui promover o compartilhamento de práticas de mediação de leitura na Educação Básica dentro e fora da sala de aula, especialmente na dimensão da “performance”, discutida por Paul Zumthor (2007), explorando as múltiplas situações de enunciação em jogo envolvidas no ato de ler literatura. Refletir acerca das variadas possibilidades de recepção do texto literário pela chave da experiência, na perspectiva do “saber de experiência” de que trata Jorge Larrosa (2002), traz ainda para o centro do processo as potencialidades acionadas pela experiência leitora como “o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca” (LARROSA, 2002). Também a heterotopia (FOUCAULT, 2013), lugar de utopias possíveis; o espaço do outro, que fora esquecido pela cultura ocidental, contribui para o debate acerca da formação literária. De fato, a historiografia literária, privilegiada nas aulas de Literatura durante muito tempo, baseou-se em uma perspectiva canônica que presumia a existência do uno e do universal, afastando-se decididamente da diferença e da multiplicidade. No entanto, é notório que a inserção de textos contemporâneos, principalmente de autoria negra, indígena e feminina, tornou a sala de aula novamente um espaço de heterotopias possíveis. Compartilhar estratégias e experiências de mediação de leitura na Educação Básica a partir desse novo protagonismo na cena literária, repensar nossa história de colonização e decolonial, são também temas de interesse desse simpósio. No sentido de enriquecer o debate, colocamos a seguinte questão: “quais os caminhos e propostas para a formação do leitor literário hoje?”. Assim, esperam-se propostas de comunicação de práticas e experiências com a formação literária em que se evidenciem múltiplas possibilidades de troca no ato de ler literatura, seja com o docente formador/mediador de leitura, seja com os outros estudantes leitores, com outras áreas do conhecimento pela inter ou transdisciplinaridade, ou ainda pela própria troca com o outro do discurso literário. Da sala de aula à elaboração de materiais, até as atividades extracurriculares e de extensão, valorizam-se as ações de mediação de leitura intra e extraclasses, em seus mais variados formatos metodológicos: desde a tradicional aula de Literatura em classe, passando pelas ocupações das bibliotecas e salas de leitura com atividades de promoção do texto literário, até experiências de ocupação dos espaços públicos da cidade com a literatura por meio de rodas de leitura, tertúlias literárias, saraus, oficinas de produção escrita, entre outros, tais como museus e instituições culturais, parques, praças, ruas e avenidas.
PALAVRAS-CHAVE: Contextos de ensino e aprendizagem intra e extra-classe. Ensino de Literatura. Experiência leitora. Formação literária. Mediação de leitura.
17. INTERARTES: LITERATURA E OUTROS RAMOS DO SABER
Douglas De Sousa (UEMA)
Paula Fabrisia Fontinele de Sá (UnB)
RESUMO: Os estudos literários, somados às pesquisas que os relacionam às outras manifestações artísticas, são propiciadores de caminhos e resultados diferentes, pois sabe-se que “uma única história pode ser contada de vários modos; ou seja, uma única fábula pode ser construída por meio de inúmeras tramas, com formas distintas de dispor os dados, de organizar o tempo” (XAVIER, 2003, p. 65). As últimas décadas estão conhecendo manifestações artísticas, cuja base é literária, em vários suportes. Assim, o texto fílmico, o do musical, o das histórias em quadrinhos entre outros mostram as suas narrações com particularidades, por vezes intimamente relacionadas com algumas obras literárias, porém, inteiramente independentes, produzindo uma interação de linguagens, potencializando a aprendizagem, a comunicação e as relações interculturais. Com isso, acredita-se que o estudo interartístico seduz e estimula os leitores, uma vez que os múltiplos olhares para a mesma obra ou temas suscitam leituras que ampliam, ressignificam e criam fenômenos de participação, afetiva e perceptiva, que transcendem os limites do campo literário. Nesse sentido, os estudos interartes buscam uma abordagem interdisciplinar que compara a literatura com outras esferas, impulsionando debates sobre a transposição de textos verbais para textos sincréticos, os desafios da criação cinematográfica a partir de uma obra literária, além de debates contemporâneos como a relação com as novas mídias. Nestes termos, este simpósio é, portanto, um espaço para reflexões e discussões sobre as inter-relações da literatura. Por isso, serão aceitos trabalhos que se voltem para as dialogicidades múltiplas entre a literatura e os outros ramos do saber, tais como: pintura, desenho, gravura, xilogravura, quadrinhos (QH), artes plásticas, cinema, TV, dança, teatro, performances artísticas, cordel, canções, exposições e instalações artísticas e também trabalhos de caráter teórico sobre este assunto. Por meio deste simpósio, buscar-se-á entender e ampliar o repertório teórico e estético dos participantes sobre obras literárias e artísticas cujo viés central seja o diálogo entre as artes.
PALAVRAS-CHAVE: Interartes. Literatura e outros ramos do saber. Teoria da literatura e outras artes. Estudos das artes e suas teorias.
18. ENTRE ARQUIVOS E ENCICLOPÉDIAS LITERÁRIAS
Rodrigo Valverde Denubila (Universidade Federal de Uberlândia / UFU)
Manaíra Aires Athayde (Stanford University)
RESUMO: O traço arquivístico, enciclopédico e inventariante marca a literatura contemporânea. Identifica-se esse fenômeno nas literárias de língua portuguesa, como atesta a ficção da autora lusa Agustina Bessa-Luís e a poesia da brasileira Marília Garcia. Como o mesmo ocorre em outras literaturas, podemos destacar, no caso da norte-americana, autores como David Foster Wallace, Jonathan Safran Foer e Thomas Pynchon. Em O romancista ingênuo e sentimental, o autor turco Orhan Pamuk (2011), por exemplo, esmiúça o método de composição museológico enciclopédico e avulta o desejo de escritores de armazenar seres, paisagens e coisas do mundo frente às constantes transformações espaço-temporais, mas também epistêmicas. Concomitante a esses aspectos, corporifica-se a figura do escritor múltiplo. Isto é, aquele que é crítico, teórico e autor. No mesmo espaço textual, a criação literária convive com o discurso crítico e com a reflexão teórica. Por essas razões, neste simpósio serão debatidas romances e poemas marcados pelo seu caráter arquivístico ou enciclopédico, à medida que se dialoga com perspectivas teóricas propostas por Italo Calvino (1990), Olga Pombo (2012), Maria Esther Maciel (2009), Gilles Deleuze (2011), Pierre Lévy (1999), Umberto Eco (2013), Carlos Ceia (2007), entre outros. Objetiva-se, neste simpósio, portanto, a reflexão acerca da figura desse autor contemporâneo plural, bem como da criação literária como enciclopédia aberta.
PALAVRAS-CHAVE: Criação literária como enciclopédia aberta. Escritor múltiplo. Teoria arquivística.
19. A PERSPECTIVA COMPARATISTA NA LITERATURA DE EXPRESSÃO PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA
Mônica Maria Feitosa Braga Gentil (UESPI)
Eliana Pereira De Carvalho (UESPI)
RESUMO: Este simpósio se inscreve na proposta do XIX SIMPÓSIO DE LETRAS – LINGUAGEM EM CONEXÃO. Encontros, reescrituras, traduções, parodias, convergências e contingência traçaram inéditos percursos transoceânicos pela literatura e pela arte contemporânea luso – afro - brasileira. Como se sabe no século XX, assim como na primeira parte do XXI, o conceito de experiência tem sido retomado e revisitado mais de uma vez, abrindo-se para novas leituras. Nessa perspectiva, no âmbito de uma tradição plurissecular de trocas culturais e fluxos literários entre Portugal, Brasil e África, o simpósio quer abrir para reflexões sobre a elaboração de textualidades novas, inevitavelmente excêntricas em relação aos cânones nacionais, derivadas do encontro (mais ou menos direto) e do amálgama fruto das intersecções entre culturas, agregar estudos teóricos e analíticos que estejam debruçados sobre narrativas da contemporaneidade, desenhando um amplo espectro da diversidade e da multiplicidade de obras, tendências e abordagens, além de receber trabalhos para comunicação que tratem de temas e estratégias recorrentes nas obras literárias produzidas em Portugal e/ou países de língua portuguesa no final do século XX ao XXI quer sejam: a releitura da tradição, a consciência crítica sobre o estatuto do fazer artístico, a hibridização entre os gêneros tradicionais, o lugar ocupado pelo artista. Quanto ao texto, a literatura faz-se lugar de transformações na figura da personagem, do narrador, do tempo e do espaço enquanto elementos essenciais da narrativa permeada pela intertextualidade, de acordo com Reis (2006), e graças à expressão fabuladora do artista que experimenta sua própria inserção na obra literária. Na era da velocidade e dos inúmeros deslocamentos (de sentidos, valores, identidades), a fabulação de episódios descontínuos, heterogêneos e fragmentados aponta para a ultrapassagem do tempo das grandes narrativas norteadas pela abrangência da totalidade. Leyla Perrone-Moisés (2016) observa que a literatura contemporânea é um olhar para o passado que se configura como ―citação, reescritura, fragmentação, colagem, metaliteratura, não podendo, nesta perspectiva, ser concebida como de vanguarda, mas, sim, ao modo de narrativa tardia. Neste sentido, no Simpósio “A perspectiva comparatista na literatura de expressão portuguesa contemporânea” serão aceitos trabalhos que visem à discussão da atualização de temas nas obras do período delimitado sob os pontos de vistas da intertextualidade, do cânone, da experimentação e do comparatismo, de onde possam advir contribuições que fomentem a discussão a partir dos múltiplos olhares dos pesquisadores envolvidos, além de agregar e entrecruzar experiências brasileiras e estrangeiras em que pese à possibilidade de divulgar os estudos culturais e literários no âmbito dos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Longe de desejar demarcar novos limites para um debate conceitual ainda bastante divergente, fragmentado e provisório, opta-se pelo uso do qualificativo ― contemporâneo para se referir à produção ficcional dos séculos XX e XXI.
PALAVRAS – CHAVE: Estudos Comparatistas. Literatura Contemporânea. Literaturas de Língua Portuguesa. Intertextualidades.
20. ENTRE TELAS E LIVROS: A TEORIA QUEER NA LITERATURA E NO CINEMA
Profª. Ma. Francisca Maria de Figuerêdo Lima (UEMA)
Jonas Vinícius Albuquerque da Silva Santos (UEMA)
RESUMO: As teorias socioculturais têm emergido desde o século XX como uma forma de protesto das vozes subalternas, tais formas de protestos vêm se incorporando nos movimentos feminista, negro e, também, LGBT, que teve início com a revolta de Stonewall, em 1969, sendo a mais tardia dentre as citadas. Conforme o movimento LGBT foi se desenvolvendo, consequentemente propagou-se e, na área dos estudos sociais, se transformou na Teoria Queer, que recebeu esse nome inicialmente por Teresa de Lauretis, em 1990 (MISKOLCI, 2007). Sendo focada principalmente nos indivíduos homoafetivos, a Teoria Queer busca não excluir nenhum membro da comunidade LGBTQ – sua inicial foi adicionada ao final do nome do movimento – e analisa todos aqueles que se diferenciam do heteronormativo, incluindo pessoas trans, homens afeminados, mulheres masculinas e todos que saem do padrão cisgênero, branco, heterossexual. Chegando às diversas manifestações da cultura, como é o caso do cinema e da literatura, a Teoria Queer fez com que se passasse a analisar obras a partir de seus pensamentos. Obras canônicas, como O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, e Bom Crioulo, de Adolfo Caminha, ganharam análises em diversas perspectivas dos estudos Queer; da mesma forma, adaptações cinematográficas de obras literárias com personagens ou tramas relativas à temática LGBTQ vêm sendo mais discutidas e divulgadas, dentro e fora da academia, como é o caso de Maurice (1987), de James Ivory, e mais recentemente Me Chame Pelo seu Nome (2017), de Luca Guadagnino. Por outro lado, há também a necessidade de se discutir sobre a representação LGBTQ em filmes com roteiro original, como o nacional Praia do Futuro (2014), de Karim Aïnouz, pois, embora sejam importantes por apresentar ao grande público consumidor de cinema as problemáticas Queer, não chegam a ter a mesma divulgação que os roteiros adaptados têm no contexto contemporâneo. Pensando dessa forma, este simpósio objetiva receber trabalhos que se proponham a trazer à luz da discussão tanto obras literárias ou cinematográficas, individualmente, quanto adaptações cinematográficas de obras literárias, em perspectiva comparada, que se destaquem por sua relação com a temática e a teoria Queer, podendo ter como o que dizem os principais autores do movimento, como Michel Foucault (2008), que foi um dos fundadores dos pensamentos Queer com sua obra História da Sexualidade, Judith Butler (2003), que em seus pensamentos discutiu gênero e sua binariedade, Richard Miskolci (2017) e Guacira Lopes Louro (2018), que fazem em suas obras uma constituição do Queer no cenário brasileiro, entre outros.
PALAVRAS-CHAVE: Teoria Queer. Literatura. Cinema. Adaptação Cinematográfica. Representação LGBTQ.
21. ENSINO DA LEITURA E ESCRITA NA PERSPECTIVA DA FORMAÇÃO HUMANA
Georgyanna Andréa Silva Morais (UEMA/Campus Caxias)
RESUMO: O domínio da leitura e da escrita constituem elementos inerentes ao processo da formação humana, visto que possibilita a participação social na cultura letrada. A apropriação da leitura e da escrita é, portanto, uma forma de inclusão social, ao possibilitar-nos a capacidade criadora, a produção do conhecimento e o posicionamento crítico do mundo como sujeitos históricos e sociais. O ato de ler e escrever não são atividades naturais, mas processos mediados pelo ensino sistemático e intencional, tendo em vista que a linguagem proporciona, dentre outras, a função de comunicação entre os seres humanos, conduzindo-os à apropriação dos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade. Para Vigotski (2007), a linguagem enquanto instrumento de comunicação é representada também pela escrita enquanto forma mais complexa que temos de nos relacionar com o mundo, pois constitui um sistema simbólico de representação da realidade. Outrossim, a apropriação da leitura e da escrita é condição necessária para o desenvolvimento humano, sendo que a aprendizagem de ambos os processos depende da intervenção significativa do professor como mediador na produção do conhecimento. Nesse sentido, A Psicologia Histórico-Cultural advoga o ensino como mediação da aprendizagem para a promoção do desenvolvimento, sendo a alfabetização algo muito mais do que codificar e decodificar símbolos gráficos, caracterizando-se como um processo de formação humana, pois apropriar-se da linguagem escrita é aprimorar funções psicológicas superiores que promoverão o desenvolvimento do psiquismo humano. O Simpósio tem por objetivo reunir pesquisadores, estudantes, professores e demais interessados para discutir as principais questões que envolvem o ensino da leitura e escrita na perspectiva da formação humana, com base na Psicologia Histórico-Cultural. Objetiva, ainda, difundir resultados de pesquisas concluídas ou em andamento, proporcionar aos participantes oportunidades e debates acadêmicos, possibilitando a ampliação de conhecimentos e o aprofundamento das discussões sobre a temática em questão, com vistas à ampliação de novos objetos de estudo que contribuam para a pesquisa na área.
PALAVRAS-CHAVE: Linguagem. Ensino. Formação
22. MEMÓRIA E IDENTIDADE NAS LITERATURAS DE LÍNGUA INGLESA
Tiago Pereira (UFSM); Rosani Umbach (UFSM)
RESUMO: De acordo com Umbach (2008, p. 11): “A relação da literatura com a memória, tanto em sua dimensão individual quanto coletiva tornou-se um tema cultural de primeira ordem [...].”. Neumann (2008) pontua que: “The study of literary representations of individual processes of memory has always been one of the central epistemological interests in literary studies.”. (NEUMANN, 2010, p. 333). No entanto, apenas em anos recentes a Academia tem se preocupado em investigar as representações da memória coletiva (NEUMANN, 2010). Mais especificamente, no campo literário, Erll (2008) identifica três concepções de memória. Dentre elas, está a memória como mimese, ou seja, a memória como “encenação” no texto literário. Além dessas vozes já mencionadas, outros estudos em torno da memória vêm sendo desenvolvidos mundo afora, principalmente estudos direcionados para a questão da lembrança em relação à violência que envolvem regimes autoritários, ditatoriais e totalitários (UMBACH, 2008). Para Izquierdo (2011, p. 11), “Memória significa aquisição, formação, conservação e evocação de informações”. Evocação, no sentido apresentado pelo autor, tem a ver com recordação ou lembrança. Izquierdo (2011, p. 14) conceitua que a memória em seu sentido amplo: “[...] abrange desde os ignotos mecanismos que operam nas placas de meu computador até a história de cada cidade, país, povo ou civilização, incluindo as memórias individuais dos animais e das pessoas”. Enquanto que, para Candau (2011), a memória, seja ela individual ou coletiva, é uma reconstrução continuamente atualizada do passado, ao contrário de um reflexo fiel dele mesmo. A memória como uma evocação das sombras do passado acontece no presente e sempre é projetada para além dele, para o futuro. É também um dispositivo a fim de enfrentar o efeito corrosivo gerado pelo tempo, mas também é feita de esquecimento. A literatura está “[...] closely interwoven with the thematic complex of memory and identity.” (NEUMANN, 2010, p. 333). O objetivo deste simpósio, ‘Paisagens da memória e identidade nas Literaturas de Língua Inglesa’, é acolher pesquisas que partem da memória ou identidade (ou de sua relação) como categoria de análise e conhecimento sobre as literaturas de língua inglesa. Tendo isso em vista, o simpósio recebe propostas de comunicação oriundas de pesquisas de nível graduação ou pós-graduação.
PALAVRAS-CHAVE: Identidade. Literatura Inglesa. Memória.
23. ESTUDOS DO TEXTO E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Marcos Helam Alves da Silva (UESPI)
Héberton Mendes Cassiano (SEDUC/CE)
RESUMO: O propósito deste simpósio centra-se na necessidade de apresentar aspectos da pesquisa em Linguística realizada por algumas de suas ramificações. Assim, nosso objetivo com esta simpósio é, tratar da pesquisa em Linguística de Texto, doravante LT, no Brasil, focando os aspectos estudados e aprofundados por ela, e, apresentando também os principais desafios oriundos de sua atual conjuntura, sobretudo, no sentido de sua aplicação ao ensino. A LT, surge em meados dos anos 80, como um propósito completamente contrário ao que se fazia na época com a Linguística Estrutural. Trata-se, de uma area, tal como afirma Bentes (2012) de um grande esforço teórico que contempla perspectivas e métodos diferenciados para a sua construção. Assim, o objetivo da LT é esmiuçar os diversos processos que estão presentes no texto e em sua construção de sentidos. Ao longo dos anos, a LT vem aperfeiçoando suas pesquisas, métodos e categorias de análise sobre o texto, e, tem encarado também o desafio de estabelecer propostas para analisá-lo, tarefa nada fácil para um objeto tão completo. Se as pesquisas desenvolvidas em LT, por muito tempo, focaram em aspectos como coesão e coerência, hoje, abarcam um universo enorme de possibilidades com temas como a Referenciação, a Intertextualidade, a Argumentação, a Multimodalidade, entre outros, que se fazem constar na agenda atual da LT e que trazem a ela, o desafio de explicar como, através dos textos e seus fenômenos, se dá o funcionamento da Linguagem. Dada essa configuração, como já pontuado, nosso interesse neste simpósio é congregar estudos voltados ao campo do texto e, em especial, estudos que buscam na LT suas bases para melhorar o processo de ensino-aprendizagem em Língua Portuguesa.
PALAVRAS-CHAVE: Texto. Ensino. Língua Portuguesa.
24. DISCURSO, LEITURA E ESCRITA
José Antônio Vieira (CESPE/UEMA)
Mariana Aparecida de Oliveira Ribeiro (PPGLB/UFMA)
RESUMO: O Simpósio Discurso, Leitura e Escrita é uma proposta dos Grupos de Pesquisas Ensino, Leitura e Escrita (GPELE), da Universidade Federal do Maranhão/UFMA, Campus de Bacabal, e Discurso, Escrita e Formação (GPDEF), da Universidade Estadual do Maranhão/UEMA, Campus Pedreiras. Pretendemos contribuir com um espaço de apresentação de trabalhos que problematizem os processos de construção de textos e discursos, isso compreendendo que primeiro é o resultado de uma ação ou prática social; enquanto o segundo é o produto da atividade discursiva que toma como a produção discursiva e seus efeitos de sentido como temas de investigação. A ideia é criar espaço para os trabalhos que compreendem toda produção discursiva como uma construção social, refletindo sobre uma visão de mundo vinculada aos pesquisadores filiados às diferentes abordagens dos estudos discursivos que problematizam os sujeitos e a sociedade em que vivem a partir do contexto histórico-social e de suas condições de produção. Nesse sentido, interessam os trabalhos que tenham como foco os seguintes temas: a) as práticas de leitura, escrita, oralidade e análise linguística; b) a formação discursiva e ideológica presentes em diferentes discursos; e c) a problematização das práticas discursivas materializadas na produção escrita em instituições escolares e universitárias. A partir desses eixos, que desdobram o objetivo do simpósio, pretendemos discutir as concepções teóricas e/ou metodológicas sobre a prática de leitura e escrita. Neste simpósio também apresentaremos parte dos resultados preliminares do projeto de Pesquisa “Saberes Locais em Contextos Rurais: Ensino de Leitura e Escrita”, financiado pela FAPEMA. Alguns conceitos e autores que oferecem subsídios para as pesquisas que realizamos são os de Formação Discursiva e Sujeito de Pêcheux (1969, 1975, 1983), Regularidades discursivas, autoria e dispositivos de controle de Foucault (1970, 2008), Heterogeneidade constitutiva mostrada e não mostrada de Authier-Revuz (1996, 1998), e de discurso outrem e formas do discurso citado de Bakhtin (1929).
PALAVRAS-CHAVE: produção escrita, leitura, práticas discursivas.
25. MÉMORIAS & IDENTIDADES: CAMINHOS QUE SE CRUZAM NA LITERATURA BRASILEIRA
Lilian Castelo Branco de Lima (UEMASUL)
Meridalva Gonçalves de Sousa (SEDUC/MA)
RESUMO: O Brasil é um país pluriétnico, tanto pela sua formação original, pois aqui viviam/vivem inúmeras nações de diferentes grupos originários, quanto pelo processo de colonização, responsável por uma migração que trouxe, para essas terras, povos das mais diversas origens. Assim, durante todo o processo histórico de nosso país, a nação se viu diante da diferença cultural, que pode ser percebida em muitos aspectos, entre eles, nas práticas alimentares, nas artes, nas religiões, nas epistemologias praticadas, assim como na Literatura, que como enfatiza Candido (2000, p. 263) é uma das formas de expressão dos muitos povos desses Brasis, sendo que ela “manifesta emoções e a visão de mundo dos indivíduos e dos grupos”, por isso pode ser uma das formas de se refletir sobre o que textos literários podem contar a respeito de suas autoras e autores e dos personagens, cenários, linguagens adotadas, ilustrações e tantos outros elementos que imprimem a identidade de cada obra. Assim, estudar “a literatura de um povo é movimento que deve se dar pela dialética, pelo fato de ser uma das formas de representatividade e expressividade de um grupo, que está arraigada dos valores do indivíduo e, dessa forma pode propiciar o conhecimento dos elementos intrínsecos de cada cultura” (LIMA, 2011, p. 56). Como também os elementos extrínsecos que contam sobre sua gente e seu lugar, pois como menciona Manuel Bandeira (1969, p. 11): “A literatura de um povo depende da situação geográfica do país, do seu clima, da formação étnica da sua população, das vicissitudes de sua evolução histórica, do caráter nacional, dos usos e costumes”. Sabemos que não apenas disso, mas que são elementos que muito influenciam nas escritas e oralidades literárias. Nesse entendimento, este Simpósio apresenta como temas centrais: Memórias e/ou Identidades, entendidas em seu plural, em resposta às diversidades, tão peculiares, do povo brasileiro. Nesse debate, Lima (2011, p. 44) assinala que “pensar identidade só seja possível no plural, pela abrangência e contradição dessa busca tanto individual como coletiva que determina: o EU, o NÓS e os OUTROS”, da mesma forma que as memórias se constroem imbricando individual com o coletivo (HALBWACHS, 2006). Dessa forma, esperamos receber trabalhos que discutam sobre tais temáticas no campo da literatura, podendo adotar uma abordagem interdisciplinar, dialogando com outras áreas de saberes e com outras artes, como a música e o cinema. Em especial, interessa-nos a discussão e o diálogo com as literaturas indígenas e afro-brasileiras, porque entendemos ser de extrema importância visibilizar estudos que coloquem em pauta o (re)conhecimento das identidades étnicas e a ancestralidade do povo brasileiro, que não se resume ao que se herdou da cultura europeia, tão enfatizada, em particular pela escola, em nosso imaginário e na própria epistemologia que se propaga nos ambientes institucionais de educação.
PALAVRAS-CHAVE: Memórias. Identidades. Regionalidades. Literaturas brasileiras.
26. HISTÓRIA, LITERATURA E SOCIEDADE
Isabela Melim Borges (Universidade Federal de Santa Catarina)
Karla Menezes Lopes Niels (Universidade Federal Fluminense, Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, Consórcio Cederj)
RESUMO: O processo de construção de um sistema literário opera, na argumentação de Antonio Candido, como uma espécie de germe da própria nação: construir a nação aparecia como uma missão que caracterizava uma aspiração constitutiva de um sistema literário emergente, no caso, o brasileiro. Entretanto, para além da construção de uma identidade cultural nacional, a literatura, enquanto bem universal, é, segundo o próprio Candido, um “direito inalienável” de todo e qualquer ser humano, isto porque, “a literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo possibilidades de vivermos dialeticamente os problemas” (CANDIDO, 2011, p.177). De fato, aquele que lê, sobretudo literatura, entende melhor seu presente, ao olhar criticamente para o seu passado, e, assim, consegue vislumbrar com maior prudência o seu futuro. Desde o início da Literatura Brasileira, tal qual sistema literário, passamos por diversos períodos dos quais a literatura foi não apenas testemunha como problematizadora. Sendo assim, este simpósio tem o intuito de debater a história da literatura brasileira, nas perspectivas de pesquisadores de diferentes áreas, notadamente, a própria crítica literária, a filologia, a linguística, a filosofia, a história em geral, a sociologia, os estudos culturais, a psicanálise. O objetivo principal, portanto, consiste em aprofundar as discussões sobre a literatura como fonte, como documento ou como testemunho para a compreensão do processo histórico, considerando especialmente as condições em que se produziu a obra literária, seja romance, conto, crônica, poema ou qualquer outro gênero. Toma-se como pressuposto básico as inter-relações que caracterizam a produção literária, ou seja, as influências do contexto histórico e social sobre a obra, como também o grau de intervenção da obra sobre a história, a sociedade e a cultura.
PALAVRAS-CHAVE: História literária; literatura brasileira; sociedade.
27. CIN(E)NSINO: LUZES E FLASHES CINE-PEDAGÓGICOS
Gilberto Freire de Santana (UEMASUL)
Nice Rejane da Silva Oliveira (UEMASUL)
RESUMO: Em sua trajetória, o ensino teve como sustentação a transmissão oral e escrita do conhecimento, de tal maneira que o mundo das imagens sempre foi negligenciado. A escrita consolidou-se, a partir das ideias positivistas cristalizadas no século XIX, como receptáculo legítimo e inquestionável do saber. Ao professor, coube o papel solitário e igualmente incontestável de propagador das informações, e do aluno, buscou-se o espectador passivo, sem reflexão, discussão e/ou participação na construção desse conhecimento. Contraditoriamente a isso, o último século firmou os novos meios de comunicação, em especial o cinema, que inseriu novas formas de leitura e representação do real no cotidiano da sociedade, implicando numa mudança não apenas comportamental, mas de ações como um todo. Uma dessas ações encontra-se no processo de inserção do cinema em sala de aula (Napolitano, 2003; Reia-Baptista, 1995). Assim sendo, é necessário debruçar-se sobre essa questão, no intuito de fazer reflexões e construir proposições e metodologias acerca do cinema, de sua linguagem e de sua dimensão pedagógica, visto que a inclusão de estudos cinematográficos (Carrière, 1994; Aumont, 2009; Bordwell, 2008; Chion, 2011), nos diferentes níveis de ensino, se torna uma medida necessária para uma formação integral do estudante e consoante às características culturais das sociedades modernas, onde o fenômeno comunicativo global assume grande importância social, cultural e ideológica. Neste contexto, em que o cinema se integra perfeitamente, o estudo da dimensão pedagógica do cinema, torna-se um ato de aquisição de conhecimentos e de reflexão crítica sobre uma faceta preponderante da nossa história cultural recente, ou seja, destes últimos cem anos em que a humanidade tem deixado as suas marcas narrativas e multiculturais em imagens e sons interligados de várias formas. De tal maneira que os conhecimentos transmitidos pelos veículos de comunicação audiovisual, em especial através do cinema, constituem aquilo que alguns autores têm chamado de um autêntico currículo paralelo, cujas implicações pedagógicas se faz necessário conhecer, reconhecer, estudar e investigar no próprio âmbito escolar, uma vez que interferem no processo normal de ensino e aprendizagem, quer no que diz respeito aos efeitos cognitivos mais específicos, quer no tocante à esfera mais global dos valores, das atitudes e dos padrões de comportamento e ideologias.
PALAVRAS-CHAVE: Cinema. Ensino. Multidisciplinaridade.
28. O CENTENÁRIO DE CLARICE LISPECTOR E A SUA ESCRITA ENIGMÁTICA
Ray da Silva Santos (UFS)
RESUMO: Tendo em vista o centenário do aniversário de Clarice Lispector, este simpósio busca reunir pesquisas sobre as obras da escritora Clarice Lispector, com o intuito de conhecer mais peculiaridades dessa escrita que dá vida a sujeitos-personagens que estão a mergulharem em sua psiquê, desvendando detalhes da experiência humana. Conforme Candido, em “No raiar de Clarice Lispector” (1977), o modernismo brasileiro surgiu com significantes expansões temáticas e ideológicas, nas quais os autores se debruçavam a problematizar o sujeito brasileiro e sua relação, principalmente, com o meio social, com a sua terra, porém, surge Clarice Lispector, com Perto do Coração Selvagem, publicado em 1944, apresentando-nos os processos de epifania, devaneios, e narrações em primeira pessoa sob uma ótica subjetiva e particular. Ademais, tentando captar o silencio, segundo Homem, em “No limiar do silêncio e da letra: traços da autoria em Clarice Lispector” (2012), Clarice desconstrói a estrutura do romance clássico, mergulhando suas personagens no tempo psicológico, ao mesmo tempo, tentando incansavelmente se aproximar do limiar da palavra. De acordo com Rosembaum, no seu livro “As Metamorfoses do Mal: Uma leitura de Clarice Lispector” (1999), a escrita clariceana desvenda mistérios profundos da subjetividade dos seus personagens, evidenciando o lodo, o mal, o perverso que habita na estrutura do sujeito. Sobre a escrita clariceana, Sá, no seu livro “A escritura de Clarice Lispector” (1979), complementa ressaltando a característica de Clarice não seguir fielmente as regras da gramática normativa, principalmente no tocante à pontuação, ressaltando que se tentarmos corrigi-la, é caminhar rumo à desconstrução da trajetória de uma grande estilística. Em vista dessas breves considerações, o simpósio busca trabalhos que problematizem peculiaridades da escrita e das temáticas presentes nos romances e nos contos clariceanos, privilegiando discussões que tragam contribuições de outras áreas do saber (como a psicanálise, a filosofia, a sociologia), a fim de edificar trabalhos interdisciplinares que nos possibilitem expandir os estudos clariceanos.
PALAVRAS-CHAVE: Clarice Lispector. Subjetividade. Escrita Literária.
29. TEMÁTICA LIVRE
Dra. Solange Santana Guimarães Morais (UEMA)
Dr. Antônio Luiz Alencar Miranda (UEMA)
RESUMO: Este simpósio é destinado a trabalhos não contemplados nos eixos específicos.